Ademir Assunção é daqueles artistas múltiplos. Escreve poesia e prosa, faz música, é editor da revista Coyote. Autor de Zona Branca, Faróis no caos, LSD No, A voz do ventríloquo e outras publicações, Ademir participa do 6º. Festival Literário Aogosto das Letras no dia 15, em conversa com Ronaldo Bressane e Rogério Pereira com o tema “Os desafios de fazer e divulgar a literatura”. Logo depois do encontro Ademir apresenta sua banda Fracasso da Raça, que lança em Ourinhos o Cd “Viralatas de Córdoba”. A conversa literária e o show acontecem no Restaurante Lelui, na rua Euclides da Cunha. Ingressos gratuitos podem ser retirados na Biblioteca Municipal “Tristão de Athayde”.
Conheça mais sobre o autor e músico em entrevista exclusiva ao Tertuliana:
Como você avalia incentivos governamentais como os editais que oferecem bolsa de criação literária?
Não gosto do termo “incentivos governamentais”. Para mim, é uma questão de se perguntar: a arte e a cultura são essenciais para a vida das pessoas? Assim como hospitais, educação, estradas e alimentos? Se a resposta é sim, então é preciso que se criem políticas públicas de fomento à criação e à circulação artística. Se deixarmos a arte na mão apenas da ganância das empresas privadas, em breve faltará oxigênio artístico para respirarmos. Veja o que virou a música que é tocada no rádio e na televisão. Dá vergonha. Regredimos a um nível de analfabetismo musical constrangedor. Não que faltem ótimos compositores atualmente. É que eles são escondidos do grande público. Estão soterrados sobre os escombros de merda e dinheiro.
Quais os principais desafios de se manter publicações literárias como a Revista Coyote?
O de sempre: falta de grana. A tradição das revistas literárias no Brasil atesta: poucas conseguem passar do terceiro ou quarto número. A Coyote já chegou em sua 26ª. edição. Um milagre, que deveria ser comunicado urgentemente ao Papa Francisco.
Poesia ou prosa? Por quê?
São linguagens diferentes. Cada uma tem sua tradição, suas técnicas, suas abordagens, suas particularidades. Escrevo tanto poesia quanto prosa. No meu caso, posso garantir que me divirto mais escrevendo prosa. Na prosa consigo ser mais sarcástico. Tiro sarro de tudo o que me incomoda e ofende. Poesia exige um grau de concentração muito maior. Pelo menos no meu caso.
Música ou literatura? Por quê?
Não consigo viver sem música, assim como não consigo viver sem literatura, cinema e teatro. Em minha escrita tenho influências de muitos compositores, de Frank Zappa a Sérgio Sampaio, de Itamar Assumpção a John Lee Hooker. Não somente dos textos que eles cantam, mas dos próprios procedimentos musicais. Por exemplo: minha linguagem deve muito à eletricidade com que Jimi Hendrix tocava sua guitarra.
A felicidade gera boa literatura?
O que gera boa literatura é a mistura de talento, estudo, trabalho e atrevimento.
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