Biblioteca Municipal realiza Encontro “Nascer na tradição”

 

A programação consta de um bate-papo no dia 3 às 19h30 reunindo parteiras, doulas, gestantes e outros interessados. Depois do bate-papo acontece o lançamento do livro ‘”Parteiras caiçaras”, organizado por Bianca Lanu. No dia 4, a partir das 14h, a atividade é uma oficina de bordados em arpillera, uma técnica de bordado chilena, e no dia 5 haverá exibição do documentário: Mães de umbigo – Parteiras da Amazônia.

A atividade do dia 3 será coordenada por Denise Cardoso, Patrícia Aleixo e Bianca Lanu. As três frequentam cursos e aprendem na prática sobre o ofício de doula e parteira.  Patrícia explica o que faz essa profissional, cuja atividade foi aceita pelo Ministério do Trabalho, entrando para a Classificação Brasileira de Ocupações: “A doula é uma pessoa que percebe a grandiosidade do processo de gestação e parto e acompanha a gestante desde o início. Hoje muitas famílias buscam informações sobre doulas, pois elas reafirmam os direitos das mulheres”.

Bianca explica sobre a Pedagogia Cais do Parto, criada por Sueli Carvalho e utilizada em sua escola de parteiras instalada em Recife: “Os cursos para formação de doulas não desprezam práticas atuais, mas respeitam os saberes tradicionais, como o uso de ervas para chás e banhos e rezas para proteção. A atividade ensina a olhar com respeito este momento sagrado de gestar e parir um filho, pelo viés da espiritualidade”. Durante o período da gravidez, a doula  busca dar um apoio emocional, ensina técnicas para aliviar para as dores utilizando óleos essenciais, florais, Reiki e massagens. Além da doula, a gestante também é assistida por uma parteira e uma aprendiz.

 

Bianca Lanu defende o parto normal citando números: “As taxas de cesariana no Brasil ainda são muito elevadas: 90% na rede privada, e mais de 50% na rede pública. As mulheres não são incentivadas a ter um parto normal, e os medos tão comuns nesta fase não são discutidos. Quando a gestação é saudável, quem deve determinar a hora de nascer é o bebê. Tirar a criança do ventre sem uma necessidade real é uma atrocidade”.

Denise Cardoso começou atuando como doula, e hoje é parteira. Aprendeu a atividade na prática, auxiliando gestantes no momento do parto. Segundo ela, as  dificuldades para exercer o ofício são a falta de reconhecimento e preconceitos sociais. “É necessário reconstruir imagens culturais da atuação, como a de que existe maior risco ao nascimento”, afirma.

Segundo a Pedagogia Cais do Porto, os pais devem participar ativamente da gestação e do  parto. “O momento do parto é dos dois. Quando o pai está presente dando apoio, tudo fica mais rico. O homem cresce muito nesse processo, entrando na paternidade mais preparado e confiante”, explica Patrícia Aleixo.

O livro “Parteiras Caiçaras” (2011)  que será lançado após o bate-papo foi organizado por Bianca Lanu, e contém relatos de parto, práticas e algumas das tradições das parteiras caiçaras da Ilha de Cananéia, no Vale do Ribeira. O projeto foi apoiado pela Secretaria de Cultura, do Governo de São Paulo, pelo Programa de Ação Cultural (ProAC).

No dia 4 acontece a Oficina de bordados em arpillera, a partir das 14 horas, com 20 vagas. Arpillera é uma técnica têxtil originária do Chile que conta  narrativas de gestação, parto e maternidade com figuras bordadas em sacas de café. Durante a atividade será exibido o documentário Como Alitas de Chincol, de Vivienne Barry, sobre o contexto social durante a Ditadura de Pinochet, na década de 70, e o surgimento desta expressão artística como forma de protesto e luta pelos direitos humanos.

O encontro termina na sexta-feira, às 19h30, com exibição do documentário “Mães de umbigo – parteiras da Amazônia” de Stephanie Pommez, através do Projeto Cine Clube Parteiras de Brasília-DF.

Maiores informações e inscrição para a Oficina de bordados, ligue 14-3324-5568