Ramiro Becheri lança novo livro de poesias na Biblioteca Municipal

“A importância da poesia está justamente na sua presença sublime”, afirma o poeta Ramiro Becheri, ou Romero Inconstância, pseudônimo adotado pelo autor em suas publicações. Ramiro prepara o lançamento do seu quarto livro, “Moléstias de Luz”, que vai acontecer na Biblioteca Municipal Tristão de Athayde no dia 13 de junho, às 20 horas.

Seu primeiro livro foi publicado em 2009, “Poemia à Sombra do Dia”. Depois surgiram ainda “Poemínimos Múltiplos” (2010) e “Entre Nós & Eles” (2011). Bancados pelo próprio autor, seus livros possuem tiragem mínima, mas nem por isso deixam de atingir um público que já está acostumado com sua linguagem criativa e que sempre desperta inquietações.

Organizado pela Secretaria Municipal de Cultura, através da Biblioteca Tristão de Athayde, em parceria com a Associação de Amigos da Biblioteca Pública (AABiP), o lançamento será realizado em clima de festa junina, com muito quentão, pipoca e milho cozido. Para o professor Rogério Singolani, presidente da AABiP, o lançamento reafirma a parceria com a Secretaria de Cultura dando sequência ao trabalho desenvolvido nos últimos anos de total apoio aos autores locais e incentivo à leitura. Leia uma breve entrevista com o autor, onde ele fala desse novo trabalho, da importância da poesia nos dias atuais e da experiência com outras linguagens.

 

Na primeira página do livro que você vai lançar no dia 13, lê-se que “as poesias deste livro estão livres”. De quem são as suas poesias?

Ramiro: Fui eu quem as escreveu, mas se alguém estiver a fim de usá-las pode ficar à vontade.

 

Seus livros são uma edição alternativa. Como foi a publicação de Moléstias de Luz? Como é a distribuição?

Ramiro: Os livros são impressos em pequenas tiragens minúsculas, por gráficas digitais, e bancados pelo autor. “Moléstias de Luz” também foi produzido desta forma, e por enquanto não elaborei nenhum plano de distribuição. Geralmente os livros são vendidos pessoalmente, e divulgados boca-a-boca. Os primeiros livros foram colocados à venda em bancas de jornal e foram criados blogs para disponibilizar uma versão digital para os interessados.

 

Pode-se dizer que sua poesia contesta situações vividas no mundo atual quando fala de burocracia, trânsito ou falta de tempo. Qual a importância da poesia neste contexto?

Ramiro: A poesia se encontra em dificuldades nessas situações. É um sufoco.  Acho que não é apenas uma crítica à sociedade. A importância da poesia está justamente na sua presença sublime, em toda situação. O poeta é quase um super-herói! A poesia é mais ou menos como a flor do Drummnond: "É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”.

 

Em algumas cidades existe uma organização em torno do trabalho literário dos poetas. Você acha isso importante? Como você vê isso em Ourinhos?

Ramiro: Essas cidades estão de parabéns. Esse tipo de organização pode promover a produção literária local e criar novas formas para apresentar a poesia. E, se houver algum talento merecedor, aumentam-se as chances de reconhecimento pelo público. Não consigo imaginar alguma coisa desse tipo em Ourinhos. Seria legal.

 

Quando você começou a escrever poesias? Uma pessoa nasce poeta ou se transforma?

Ramiro: Os poetas estão disfarçados por aí. A maioria deles não escreve uma linha sequer durante toda a vida. Aqueles que resolvem escrever poesia é porque algum dia foram ludibriados pelo destino e assumiram essa estranha tarefa. Comecei a escrever em 2003, mas não guardei nenhum poema daquela época. Passei a guardá-los depois que ganhei um concurso de poesias aqui da cidade, em 2007. Foi aí que me ludibriaram! Dois anos depois publiquei o primeiro livro.

 

Você experimenta outras linguagens para escrever seus poemas, como os videopoemas, experimentos gráficos ou acredita que a palavra escrita é suficiente?

Ramiro: A palavra escrita é suficiente, mas também pode ir além. Eu nunca fiz um videopoema, mas acredito que ele se baseie em um poema escrito, não? (vide o poema).

O primeiro e mais importante passo se dá ao vivenciar a poesia. O resto vai depender do talento, do esforço e da sorte de cada artista. Tive o privilégio de facilitar algumas oficinas de criação poética e fiquei muito satisfeito com essa forma de trabalhar a poesia. É envolvente, dinâmico, e a participação das pessoas surpreende, porque todos se revelam ótimos poetas. Outra linguagem que eu gostaria de experimentar é a teatral. Escrevi o roteiro para uma apresentação em luz e sombra, baseada no meu primeiro livro, “Poemia à Sombra do Dia”, mas ainda não saiu da gaveta (por falta de sorte, talento ou esforço).