Escritora Fernanda Saraiva conversa hoje com alunos da Escola Virgínia Ramalho
Autora homenageada no 4º A(o)gosto das Letras, Fernanda Saraiva Romero participa daqui à pouco, às 15h, de um bate-papo com leitores na Escola Estadual Professora Virgínia Ramalho.
Ainda na programação do Aogosto das Letras, Fernanda aproveita para lançar Din Din, o Pinguim, dia 26, a partir das 20 horas, no Pub 744.
Fernanda Saraiva publicou três livros para crianças e como professora foi responsável pela formação de muitos leitores em Ourinhos. É autora de Clara Clarinha de ovo de galinha, Histórias ao pé do ouvido e Uma história de outro jeito, todos voltados ao público infantil.
Confira a entrevista que Fernanda Saraiva concedeu ao jornal Balaio Cultural deste mês:
1. De que forma seu trabalho como professora, o convívio diário com as crianças, inspirou a criação de suas histórias?
Foi o meu trabalho diário com as crianças que me levou a querer tocar a vida delas, abrir-lhes algumas portas para a curiosidade, a criação, a alegria,sem, é claro, pretender ensiná-lar a viver; eu só queria dar a elas vários "toques" sobre como a vida pode ser maravilhosa se aprendemos a lidar com ela, ou, melhor dizendo, se estivermos atentos e descobrirmos caminhos para aproveitá-la.
2. Livro para criança deve, necessariamente, ter um final feliz?
Na verdade, não acho q o final de uma história tem que ser feliz, porque nem sempre as coisas acabam bem na vida real e a ficção é uma supra-realidade criada por um autor; o que acho é que um final deve significar que houve superação de alguma questão vivida pelo(s) personagem(ns), pra que o leitor usufrua do efeito catártico da literatura.
3. Quando o assunto é leitura, o papel da internet divide opiniões. Você acredita que a grande rede contribui para a formação de novos leitores?
De certa forma ,sim, porque, apesar de a internet nos aproximar muito do que é audiovisual ( e esse visual ser muito figurativo), ela obriga à leitura e à escrita, informa sobre milhares de coisas que podem de ser lidas, nos coloca ao lado de tantas grandes obras escritas, facilita a leitura delas com os e-books, etc. Assim, me parece que a net até estimula a leitura, na medida em que, com ela, só não lê quem não quer.
4. Seu livro anterior foi lançado há vários anos. Por que só agora surgiu este novo projeto?
Pois é, depois de tantos anos, lá venho eu, de novo, com um novo projeto! Isso aconteceu por duas razões básicas: 1ª: como sempre adorei dar aulas (nunca tive menos de 40 aulas por semana e trabalhei por 15 anos após a aposentadoria) e tive um segundo filho aos 39 anos, sempre fui muito ocupada e não tive tempo para ir além da produção de textos, que ia arquivando à medida que escrevia; isso, aliás, nunca me impediu de sonhar e idealizar como seriam meus futuros livros.2ª)Não sou muito eficiente para a vida prática,quero dizer, não sou muito "craque" em fazer as coisas acontecerem; assim, foi só quando reencontrei um antigo aluno, que se tornou meu amigo e, depois, meu ilustrador não posso dizer quem é porque ele detesta aparecer), que encontrei fôlego pra fazer meus inúmeros projetos guardados saírem do papel. Agora,estou a pleno vapor, me dedicando a todas as coleções que tenho guardadas e que só precisam se tornar concretas. E o sabor que experimento é o de estar em fase de transformar sonhos em realidade.
5. Como surgiu Din Din o Pinguim? Ser produzido em tecido, no formato de uma almofada, é importante para que o pequeno leitor experimente outras sensações no contato com o livro?
Sinceramente? O DIN-DIN surgiu nem sei de onde (rsrsrs), porque a minha cabeça e o meu coração são um "balaio de gatos", quando o assunto é criação ! E também tem o tempão em que estou trabalhando com isso! Mas, sem dúvida, o que eu desejei em todos os momentos dessa trajetória, foi pôr, ao alcance da criança, outras sensações que não apenas as trazidas pela leitura e que já são muitas. Eu queria, por exemplo, que os pequenos pudessem brincar mais ( eu quero dizer fisicamente) com um livro,arrastá-lo consigo para onde fossem (até para a cama), se aninhassem nele,como muitos fazem com aquele "cheirinho" que é uma fralda, uma mantinha, um cobertorzinho arrastado para todo canto porque é sentido como um companheiro inseparável, um apoio para todas as horas da infância. Aliás, só cheguei a essa definição definitiva de" cheirinho" há umas duas semanas quando, falando sobre o DIN-DIN com o Dr. Fernando Bessa, ele me deu um presente ao dizer:" Fernanda, foi consciente ou inconsciente essa sua idéia? Você já percebeu que esse livro pode substituir aquele "cheirinho" que as crianças tanto amam?"
6. Você é a autora homenageada do A(o)gosto das Letras ao lado de Jorge Amado. Como escritora e formadora de leitores, como você analisa hoje a obra do escritor baiano?
Como criadora de textos, formadora de leitores e, principalmente, como leitora,vejo a obra de Jorge Amado não só como um passaporte indispensável para o mundo da ficção de qualidade, como também como um painel informativo imperdível sobre a Bahia da época do cacau e tantas ( dá até vontade de dizer todas, já que o baiano Jorge foi tão genial!) de suas facetas.