Sofria, desde bebê, de uma terrível rinite. Passara a maior parte da vida com as narinas completamente entupidas, como se cheias de cimento.
Só a custa de litros e litros de descongestionante nasal conseguia levar uma vida mais ou menos próxima do normal.
Todos os dias, acordava de nariz trancado, boca seca e garganta irritada, consequência de passar a noite respirando pela boca.
Uma manhã, porém, isso não aconteceu. A garganta não estava irritada, a boca não estava seca, e, embora a mantivesse fechada, ele não sentia falta de ar. Entretanto, ao fungar, percebeu que o nariz estava mais entupido do que nunca. Era como se o cimento tivesse secado.
Ainda assim, não lhe faltava ar.
Intrigado, foi até o banheiro. Olhando-se no espelho, sorriu ao perceber duas vermelhas e brilhantes guelras nas laterais de seu pescoço.