As vezes esqueço que passei dos trinta ou dos sessenta.
Correr outra maratona? Nem pensar. Três dias de Carnaval?
Longe disso.Aprendi a ouvir o silêncio e seus ritmos.
Acho que a Arte me mantém vivo. Ou serão as amizades que
Me livram do abismo?
Faço canções que não serão ouvidas e livros que não serão lidos.
Viverei para sempre em forma de pedra,areia,
Estrela,pólvora.
O resto não sei,mas estou aprendendo rápido.
Parece que nem passei dos trinta ou dos sessenta.
Que ridículo! Correrei ainda meia maratona?
As vezes esqueço os óculos para leitura e a senha
Que me permite entrar na máquina do tempo.
Sinto-me menino.Tropeço nos cadarços,rabisco paredes,
Imito passarinhos.
O coração sempre dispara,não sei se por emoção
Ou falta de ginástica rítmica.
Choro,quando minha amante,a poesia,esquece que existo.
Vôo nas asas de sonhos bons ou sou devorado pela nostalgia.
Velho é quem passa dos trinta ou dos sessenta?
Ainda não me dei conta disso.
Enquanto as células se degeneram
Abro outras portas e escrevo outros versos,de olho no infinito.