O público

  1. O público, insaciável, eufórico, pediu bis. O maestro, irritado e cansado, devolveu com uma banana.

 2. Já não se fazem poetas como antigamente. Antes tinha a rima e o verso, a musa e a lua. Hoje tem a verba, a inseminação banal e a proveta.

 3. Estou de luto. A luta foi árdua, feri a morte em sua arrogância mais pura. Até aqui, sobrevivo. É azar ou sorte?

 4. Para o asno tanto faz o átomo ou a galáxia, o milho ou o capim. Ele dispensa as explicações do dicionário. De A a Z.

 5. Eu tinha um sonho. Sim, eu tinha um sonho delicioso recheado com a mais doce goiabada. Quem foi o fdp que o tirou da geladeira?

 6. Dois pesos e duas medidas não fazem muita diferença. Dois pesos bem pesados e duas medidas exageradas inclinam o eixo da Terra e ela gira ao contrário.

 7. Nunca mais chorarei pitangas, nem desviarei o curso do rio. Amanhecerei sem dramas. Fábulas de riso diluirão a ferrugem.

 8. Não nasci poeta. Não sou, nem serei e duvido que tal coisa aconteça, embora alguns malucos queiram provar o contrario.

 9. Antigamente, muito antigamente, não tínhamos a maravilhosa luz elétrica. Hoje, não podemos pagar a conta de luz.

 10. Mais vale um pássaro na mão do que um batalhão de miragens.

 11. Viemos de um buraco, vamos para outro. O resto é vã filosofia.

 12. Como dizem por aí, a gente morre aos poucos com a morte dos amigos.

 13. Estou cego de uns óculos que não consigo enxergar. No escuro, os objetos adquirem dupla personalidade. Enxergar põe limites no inusitado.

 14. Decantar cada palavra tola, até que o abismo seja contido. Sem pressa. Mesmo que a propaganda oficial insista em mostrar um presente paradisíaco e um futuro promissor. Acreditarei cético e destituirei o descalabro.

 15. Eu tinha tanta coisa pra contar... tinha mesmo? Eu tinha alguma coisa pra contar?

 16. A chuva ácida caiu sobre a plantação de formigas. O Sr. Tamanduá moveu ação contra os poluidores das redondezas. Os poluidores recorreram. Ficaram ricos os advogados de cada parte.

 17. É melhor ter dinheiro e saúde do que ser pobre e doente, já dizia um celebre cronista do século XX. Esqueci o nome do cronista, mas a frase sempre me vem à cabeça, toda vez que o bom Francisco de Assis sopra um voto de pobreza no meu ouvido.

 18. Profetas do apocalipse, uni-vos. Ninguém, nos dias de hoje, em sã consciência pensa no dia de amanhã.

 19. Na tela em tecnicolor, os caubóis avançam sem medo. Era preciso conquistar o Oeste. Sem Hollyood, os EUA não teriam nem proclamado a independência. Sem o revolver de Jonh Waine o império de Tio Sam seria uma republiqueta de bananas.

 20. Meu reino por um cavalo! gritou, desesperado um herói parido por Shakespeare. Eu, bem mais modesto, esforço-me para pagar o conserto de uma velha bicicleta.

 21. Cada mania louca com a sua coisa. E se a coisa fugir de controle, revoguem-se as disposições em contrario. E que o juiz, integro, decrete como pena ao infrator um bife à cavalo. Sem sal e bem gelado.

Tertuliana DOCS
Acervo
Periódicos
A Cidade de Ourinhos A Folha de Ourinhos (1959) Correio do Sertão (1902 e 1903) O Contemporâneo (1917) A Voz do Povo (1927 a 1949) O Progresso de Ourinhos (1965 a 1977) Diário da Sorocabana (1958 a 1996) Debate (1977 a 1989) Tempo de Avanço (1968 e 1969) Balaio Cultural (2007 a 2012) A Gazeta Esportiva (1973 e 1974) A Voz do Estudante (1956 e 1966) Edição Eventos (1988) O Regional (1956) Tribuna Escolar (1958) Correio de Notícias
Fotos Filmes Exposição Termo de Uso Tutorial Créditos
Arquivo de Lembranças
Autores
Galeria Virtual
A(o)gosto das Letras